segunda-feira, 16 de julho de 2012

Depressão Pós-Parto? “Blues Puerpal”? O que você precisa saber sobre isso?


(Por Jordan Campos)

Fui entrevistado por um jornal local sobre problemas psicológicos que atingem as gestantes na época do pós-parto. Temos hoje alguma confusão e falta de informação sobre a imensa e frágil região que envolve este período. Três estados chamados de “blues puerpal”, depressão pós parto e “psicose puerpal” pode acontecer. Vamos então à entrevista completa antes mesmo dela ser divulgada / editada nesta semana.

Jornal: Quais são as diferenças entre a “blues puerperal” e a depressão pós-parto?
Jordan Campos: Os dois são estados psíquicos que atinge grande número de mulheres.  O Blues Puerpal atinge até 60% das mães e acontece nos primeiros dias que seguem o parto podendo durar até uma ou duas semanas. Os principais sintomas do blues são: mudanças repentinas de humor, perda do apetite e sentimento de solidão. Na Depressão Pós-Parto os sintomas são mais fortes e drásticos e podem durar muito mais tempo (é bom observar caso de depressão na família ou na própria mãe, o que potencializa a incidência). Na depressão pós-parto, que atinge 10% das mulheres, os sintomas começam a se apresentar após alguns dias do nascimento e podem durar até meses, são os principais: falta de interesse sexual, perda ou ganho de peso excessivo, sentimento de incompetência, baixa autoestima, falta de cuidado com a higiene do bebê e de si mesma, muito choro, às vezes raiva e isolamento social. Temos ainda e é importante falar na Psicose Puerpal que atinge quatro entre 1000 mulheres. Esta é uma doença psiquiátrica grave, onde a mãe apresenta sintomas como: alucinações, insônia, agitação e raiva; podendo colocar a vida dela e a do bebê em risco. Tem relação com o transtorno bipolar e oscila a indiferença com a agressão passional.

Jornal: Por quais razões a mulher sofre com a blues puerperal?
Jordan Campos: As alterações psíquicas no pós parto, do ponto de vista de consequência biológica acontece por causa da queda brusca de alguns hormônios, o que ocorre quando a placenta é expelida. Com a queda destes hormônios, o organismo tem um aumento de uma enzima chamada “monoamina oxidase” no cérebro. Essa enzima “quebra” três neurotransmissores: serotonina, dopamina e noradrenalina, que, além de serem responsáveis por transmitir os sinais entre as células nervosas, também influenciam o nosso humor”, e a nossa capacidade de reação rápida a conflitos visíveis e invisíveis. Mas a repercussão biológica é consequência e não causa. Os  fatores psicológicos e sociais, espirituais e de “identidade” são os mais importantes. É Mães que tem conflitos pessoal ou familiar, gravidez não planejada, instabilidade profissional, familiar ou econômica têm uma maior disposição a ter a “blues puerpal”. Existe até uma história que se conta no oriente sobre este fato: Os hindus quando, a mãe apresenta tristeza ou depressão pós-parto vinculam a ideia de que o espírito da mãe reconheceu o espírito do bebê, e que pode ter rejeitado, ou ficado com medo de receber “reencarnado” como filho um antigo desafeto de supostas “outras vidas”.


Jornal: Por que esse nome 'blues puerperal'? Esse estado é conhecido por outro termo?
Jordan Campos: Puerpal é um adjetivo que qualifica o estado próprio das parturientes (da mãe que pariu). “”Blues” remete a ideia do ritmo musical criado pelos negros na época da escravidão ocidental na América do Norte e pe caracterizado por uma tristeza repetitiva em escalas musicais, acabou servindo para traduzir algo entre o normal e depressivo, algo melancólico, “tristinho”... E assim surgiu o termo “Blues Puerpal”, que não tem nada a ver com a mamãe ficar azul (risos).

Jornal: Como a família deve agir com a mulher que esteja com esse problema?
Jordan Campos: Não temos como prever o Blues Puerpal. Compreensão é a palavra chave, seguida de atenção. Compreender que a mulher vive neste momento uma explosão de hormônios e uma experiência tão grande que inverte os polos da simples lógica. A família deve demonstrar presença, carinho, sem jamais rotular ou julgar este estado como “frescura, besteira, preguiça...” Isso só vai atrapalhar muito e fazer com que o estado piore. Calma, vai passar em poucos dias ou semanas. É a hora do pai, dos irmãos, da sogra fazerem sua parte de dedicação e respeito àquele estado. Ao pai: a melhor coisa a fazer é lembrar sua mulher de que o que ela está sentindo é absolutamente normal na fase pós-parto. É natural se sentir sobrecarregada, exausta e insegura com algo que é totalmente novo. Seja paciente e esteja disposto a ouvi-la. Deixe-a chorar à vontade. Ajude-a a estabelecer limites para atividades e até para visitas. Atenda ao telefone, faça comida (ou encomende alguma deliciosa) e deixe que ela descanse bastante e se mime o máximo possível. Acima de tudo, demonstre seu apoio incondicional nesta fase. Isso fará uma enorme diferença.

Jornal: De que forma a mulher com blues puerperal pode reverter essa situação? Medicações? Homeopatia? Terapia?
Jordan: Tristeza e melancolia não são doenças. A não ser que estejamos falando de depressão pós parto ou psicose puerpal. A Blues Puerpal se dissipa por conta própria, sem necessidade de tratamento específico. Bastam o apoio da família, de amigos, bastante descanso ( a mamãe precisa dormir!!!) e o tempo -- normalmente a sensação vai embora em duas ou três semanas. Indico a floral terapia e acredito que a terapia possa ajudar maravilhosamente a reconectar as coisas mais rapidamente. Acho pessoalmente que este é um grande momento para o contato maior com o lado espiritual que temos, a abertura para uma nova vida nos dá a sensação divina. Se comunicar com este Deus é algo sublime e reparador.

Jornal: Quanto tempo dura esse estado de espírito?
Jordan Campos: Poucos dias ou semanas. Caso persista por mais de 3 semanas, o indicado é procurar um terapeuta que pode reencaminhar para um psiquiatra de confiança que não apenas dope e encha a cabeça da mamãe de ideias que vão a aterrorizar mais que ajudar. O ginecologista / obstetra pode ser procurado também.




Nenhum comentário:

Postar um comentário