domingo, 30 de janeiro de 2011

Num Instante Qualquer

Por Jordan Campos

Andar de carro com um som alto sempre me fez ter as melhores idéias.

Grande feitos meus ocorreram ali.
Escuto algumas risadas jocosas vindas dos carros ao lado, mas não vejo as faces destes risos.
Risos que ninguém escuta e me ensurdece.
E se eu não descer na próxima parada?
Se a minha vida, por mais motivos que continuar vivo, em minha frágil condição, acabasse ali?
E se neste momento de morte eu tivesse apenas três minutos
Para falar algo definitivo sobre tudo que aprendi?
Isso agora me veio forte.
Os risos invisíveis cessaram.
Uma luz azul chegou.

Em três minutos eu diria então, com as mesmas lágrimas que me brotam agora:
Diria que somos certos e errados a cada segundo, presos nesta polaridade racional.
Diria que somos fantoches de memórias celulares, familiares e programações passadas.
Diria que um dia vamos ferir e decepcionar, e haverá outro dia também.
Possivelmente nos apaixonemos mais de uma vez e amemos pelo menos uma.
E isso tudo uma hora vai acabar.
A única certeza que temos quando começamos qualquer coisa é que esta coisa uma hora vai terminar, mas não ainda enquanto vivos.
Sendo assim, não podemos nos aprisionar e nos apegar no que chamam de pecado às coisas aparentes que decepcionam o nosso espelho, amigos ou quem se ama.
Esta vida é tão curta, mas tão curta... E tão sensível para qualquer medida definitiva.
A frase “nunca mais” ou: “é a última vez” vai lhe trair e lhe ensinar muito ainda.
Diria que achamos ter livre-arbítrio e essa é uma grande piada.
Temos na verdade uma corda do “seja feita a vossa vontade” em nós...
Oramos e esquecemo-nos disso.
Esta corda é providência divina.

Já desfalecendo pediria que deletassem a frase acima, aquela: “nunca mais”.
No fundo, tudo é sempre daqui a pouco.
Pediria perdão a quem feri ou a quem não tive coragem ou tempo de perdoar.
Ninguém neste mundo erra sozinho...
Uma rede complexa e emaranhada comanda quase tudo.
É segurar nãos mãos!!! Olhar forte, ver o choro sincero do dissimulado ego
Ele é a mais pura forma de Deus por aqui.

Fecharia então meus olhos.
Ninguém ia ver meu espírito sair e este diria um “se...” ao ver o corpo no chão.
Quantos “se” usaríamos na hora fatal ???
“Se eu tivesse”, “se eu falasse”, “seu eu fosse”, “se eu perdoasse...”
Prenderia-me assim à culpa de ser agora tarde de mais.
Para nascer de novo e encontrar de novo o que desisti.
O preço quase paga por esta omissão às vezes é alto de mais.
Só o Amor persistente desmanchará as ciladas do ego.
As vítimas são culpadas apenas por não terem se dado o direito de tentar mais uma vez.
Nesta curta vida.
É a hora do mergulho agora.
Acredite: você não tem nada a perder se pudesse se ver de cima.

...

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A Dança do Perdão

Por Jordan Campos


Quando aquela velha canção tocar de repente...
Aquela canção que nos seus ouvidos chegava apenas como melodia
E quando de repente toda a letra “escondida” fizer sentido e for dirigida a você.
E te fizer lembrar tudo que viveu de bom, além do instinto protetor do ego
Que te fazia ver só a parte ruim, por pura proteção insana...
Você vai sentir muito e vai doer.
E você vai lembrar e querer voltar a algo, mas nunca sem antes perdoar.
Você mesmo, e o outro.
Fico pensando que pela falta de perdão você pode nunca mais ter / ver / ser...
Com aquela pessoa que te “feriu”.
Não perdoar, então mata os dois.
Começa aqui então, a dança do perdão:

Nesta dança o ritmo tem que ser suave e corpos separados nos primeiros passos.
Um convite sutil para aceitar que você não é melhor que o outro
E que não vale nem à pena ficar “de mal”...
Pois a pena por si só é mais pesada que a alma.
Sempre é mais fácil sofrer que perdoar.
O perdão é a vitória final, ao final da guerra que lá no fundo pedia paz.
E o ritmo aumenta e você sorri, pois o tempo continua enganando aqueles que pensam saber demais.
E te mostra agora que aquela dor esta mais amena e você pode pensar melhor.
Que o outro não é carma e sim darma*.

*Mal sabem que o darma é a parte boa que vem com todo o carma
Fala-se muito de Carmas e não se ensinam aqui no Ocidente sobre o Darma.
Darma ou Dharma significa "Lei Natural" ou "Realidade".
Com respeito ao seu significado espiritual, pode ser considerado como o "Caminho para a Verdade Superior".
Carma é o conjunto de ações que levou ao débito
E Darma, a sua atitude em se libertar do primeiro e fazer crédito, pela verdade maior da alma.
Carma é fogo e Darma a água.

Gandhi disse que o fraco jamais perdoa, pois o perdão é virtude dos fortes.
Sócrates disse que só quem entende a beleza do perdão, pode julgar seus semelhantes.
O grande Oscar Wilde disse que o amor deveria perdoar todos os pecados, menos um pecado contra o amor.
(O amor verdadeiro então deveria ter perdão para todas as vidas, menos para as vidas sem amor.)
Platão disse que podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; e que a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.
E a luz é esta aceitação, este perdoar, esta libertação, esta nova chance de viver estando vivo.
Shakespeare disse que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso.
Se você não perdoa por lógica, perdoará pela dor – É sempre assim.
E depois terá que se perdoar por não ter perdoado – ciclos e ciclos.
Não queira perdoar só depois do “castigo”.
Pois você também estará no castigo.
Na verdade as pessoas não estão prontas para perdoar nossas vitórias e fracassos.
Mas hoje, o perdão verdadeiro que irá limpar tua alma, pode entrar pela janela do banheiro
Pois pode ter sido lá que você deixou aberta, e aquele vento entrou causando todo aquele temporal.

Acredite nisso... Feche a janela e apenas abrace.

Perdoar não é uma arte e não se ensina em livros.
É apenas reconhecer que tudo tem uma lógica, um sentido...
Perdoe quando a pessoa menos merecer, pois é exatamente ali que ela vai mais precisar.
Fique sem as roupas do orgulho e estenda as mãos...
Quem você mais precisa perdoar foi colocado na sua vida pelo que chamamos de destino.
E uma hora ou outra você vai saber disso.
Esta pessoa é fundamental na tua vida e você ainda não sabe disso.
Pois aquele que não pode perdoar destrói a ponte sobre a qual ele mesmo deve passar.

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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O Anúncio

Por Jordan Campos

Decerto que os cabelos ficaram pálidos, o calendário anunciava.
Decerto que os inimigos cederiam, o acordo era franco.
Decerto que a Paz viria, dizia a velha guerra.
Decerto que tudo passaria, e começaria de novo.
Decerto que plantei a árvore, escrevi o livro e fiz o filho.

Mas... Decerto que o que ainda me faltava haveria de chegar.
Decerto que no rosto meu sorriso assustava.
Decerto que não foi programado, mas com certeza chamada.
Às vezes chega como uma benção, mas geralmente é uma conquista.
Os as duas em uma.
Decerto, FELICIDADE.



"A felicidade é difícil de se atingir, pois só a atingimos tornando felizes os outros." (Stuart Clock)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sobre amar, arriscar e nossos pais.

Por Jordan Campos



Preciso falar algo importante.
Algo não muito bonitinho como se espera em mensagens típicas do tema,
Mas algo profundamente sincero.
Talvez uma receita com nível “moderado” de se fazer, mas urgente em se preparar.
Estou aqui para dizer que Amar não é fácil como andam falando por aí.
Nossa, tem tanta gente “amando errado” ou confundindo este nobre sentimento!
Se amar fosse fácil não haveria tanta fome e injustiça, nem tanto egoísmo e revolta.
Não haveria tantos filhos com “casa”, mas abandonados de alma, sem Lar.
Meu consultório andaria mais vazio...



Não, amar não é fácil: é uma construção no gerúndio.
E o mais importante é que não se pode querer ousar amar se ainda existir medo em você.
Não se ama por que pode ser mais fácil ou está na moda: se ama porque é preciso!
Pois não há sentido se não houver amor.
Lá no final de sua vida você pode entender isso.
Ou agora.

Sim, então você vai desistir?
Não, jamais desista sem tentar, sem se jogar mesmo de cabeça.
Esqueça os tempos convencionais ditados pelos pais de seus pais...
Eles não tiveram escolhas e talvez nunca amaram de verdade.
E sem querer, e jamais por maldade, carregamos esta herança de troca do cômodo pelo possível amor de livre escolha.
Você nunca terá a resposta se não arriscar - colocar tudo de ponta cabeça.
Este “trem” passa rápido, e nem todo mundo vai te entender quando resolver fazer isso.
Desligue o telefone do “todo mundo” e troque o “quero ser” pelo que você realmente é.
E vire então, o seu mundo de cabeça para cima.

Levante, corra atrás, antes que o amanhã chegue e seu corpo possa não estar mais lá.
Arrisque ser alguém além do que esperam de você.
Ou do que projetaram para você.
Sinta os sons, os cheiros e sabores.
Arrisque agradecer e não pedir mais nada, até provar tudo e de todos os lados.
Às vezes o velho pode bater na sua porta, “lobos maus” precisando de alimento...
Lembre de tudo que você já passou, de tudo que te doeu, de quantas vezes se sentiu vítima, e que não existem vítimas, apenas contextos.

Arrisque saber ganhar!
E ler um jornal de boas notícias.
Ele pode estar agora em baixo de sua porta...
E você com suas culpas, medos e amarras.
Assistindo ao noticiário violento das oito.
Ou ao drama platônico da novela das dez que deveria ser às oito.
Trace uma meta e chegue nela. Se meta na meta.
Feche os olhos viciados do rosto e abra os olhos do coração.
“A verdade te libertará”! Um Ser de luz muito sábio disse isso...
Não procure substitutos para pseudo-amores fracassados, nem por tempo perdido.
Cada pessoa é única, esqueça os rótulos.

Perdoe seus pais por talvez não terem dado tão certo como você vai dar agora.
Como uma criança eterna que será para eles... (entenda isso).
Estejam ou não vivos, “sente” com eles e peça autorização para simplesmente ir.
Sim, literalmente faça isso e sinta a leveza depois.
Quando os pais seguram seus filhos todos adoecem...
Quando eles deixam os filhos irem, eles sempre voltarão.


Vai, vai lá.
Eu acredito em você!
Boa semana!!!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Marte, Vênus e Amor

Por Jordan Campos

Cedo de mais ou esperar mais um pouco?
Ilusão ou certeza?
“O que vão achar de mim”?
- Ah, dualidades eram coisas de criança, vou pelo meio agora!

Uma passagem comprada existe... uma estação antes confusa...
Um trem parou e abriu novas portas.
Frio na barriga, novidade à vista.
O nosso ego colapsa ao ver o novo, e muitas vezes nos impede de sermos realmente livres e felizes.
Evitar o possível erro pode ser adiar o acerto, repito.
Queremos soltar uma porta já segurando a outra...
Tsc tsc... não, não! Questão de lógica.
Dois corpos não ocupam o mesmo lugar no tempo e no espaço.

Marte e Vênus se encontraram, então, para reformar a "confusão" acima.
E Marte bem alto grita:

- O Amor não se mede, não se pede, não se espera, não se premedita.
Sente-se na pele, na alma, no ar...
E de repente até "sozinho" você se vê de mãos dadas.
E sozinho não fico mais, e que ninguém fique mais.

Vênus sussurra:

- Não quero mais a cautela se há fervor na alma.
Não aceito mais o médio - ou grave ou agudo.
Agora é: ou vai ou vai.
O cobrador do trem sorri, convidando...
- Subo: - Sim, eu vou!
Vamos.