sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Transtornos Psiquiátricos – Será que você tem?

(Por Jordan Campos)

Borderline, Ansiedade, Pânico, Fobia, Depressão, Bipolar, Esquizofrenia, Transtorno alimentar... E então o que
você escolhe no novo Menu da moda? Sim, sim... Pois aquilo que os exames de sangue não conseguem mostrar, ou as tomografias que já fez visualizar só pode ser uma daquelas síndromes acima não é? Sabe o que eu acho disso tudo? Estou de saco cheio disso – Muita bobagem. Obrigado a todos que solicitaram artigos e temas, acabei juntando vários pedidos em um, e isso pertence a todos vocês. Este texto é apenas uma breve reflexão, o máximo que ele ousa é o mínimo. Vamos lá:

Somos vítimas da tecnologia moderna, da globalização, da solidão do toque e cheiro real. Onde nossa mesa de almoço serve apenas de móvel ilustrativo, pois o microondas tudo resolve e afasta – vilão do lar. Onde nos comunicamos dentro de casa por mensagem de texto. Chegamos para trabalhar com a cara fechada e sem olhar para os lados, e ao abrir o mundo virtual escolhemos um “emoticon” bem lindo para dizer que estamos “lindamente bem”. Vamos ao cinema e pulamos três cadeiras de onde alguém está sentado. Evitamos o que nos curaria e enchemos nossa rotina do que nos aprisiona e vampiriza. Criamos personagens para manter a nossa dor, o nosso buraco de nós mesmos. Quanto mais tecnologia, quanto mais evolução de aparelhos - mais síndromes aparecem, mais coisas mórbidas psíquicas avassalam nossa mente e mais, muito mais a indústria farmacêutica lucra com tudo isso em cima do controle de sua dor. Inventam nomes e rótulos para fazer você entender o que não tem explicação. Te convencem da idiotice que isso é uma síndrome complexa e consultam um manual internacional de doenças (um brinquedinho de marcar) para dar seu novo sobrenome e identidade.

- Oi, tudo bem eu sou a Ana Bipolar e você?
- Oi Ana, eu sou o João Borderline.
- Ahhh, João, irmão de Pedrinho Bulimia?
- Não, não... Irmão da Paula Pânico.

E isso agora, esta triste realidade, fruto consequente do consumismo desenfreado, da globalização não educativa, tombam nossa alma como patrimônio inalienável das farmácias. Farmácias incompetentes para curar algo. Entre e pergunte se lá tem remédio par CURAR sua enxaqueca, seu mau humor, sua insônia, sua melancolia, sua ansiedade... Nada – nela só tem para controlar, e você ter que voltar de novo para comprar e comprar. O Ser Humano está doente, e na sua maior crise doentia. Não falo dos sintomas, nossos maiores amigos. Falo do conteúdo disto, da consciência presa no calabouço das sombras. Das nossas sombras de pecado, certo e errado. Bipolares eternos buscando um pólo que seja neste mundo cego e hipócrita.

Nunca tivemos uma indústria de lazer e consumo tão grandes e diversificadas...
Mas o homem nunca esteve tão triste e só, sujeito a tantas doenças psíquicas que geram outras e outras. O homem de hoje está preso no cárcere da emoção e principalmente no seu Mundo inconsciente que determina o seu hoje. Nunca enriquecemos tanto as farmácias e as livrarias com suas ‘drogas’ e obras de auto-ajuda vazias. E por que nada parece melhorar com tudo isso? Simplesmente porque de nada adianta dar paliativos para uma dor aguda se a causa é crônica e escondida nas entrelinhas de nossa grande ignorância da verdade. De uma manobra cruel de falta de informação e inversão de identidade, Sra. Laura Depressão!!! O consciente só assimila o que entende. Aí te ferram. Estamos semeando em asfalto quente, medicamentos tóxicos e palavras ao vento. Os atuais tratamentos não abordam o Ser no seu total, não conseguem identificar cada caso isolado e a impressão digital de cada processo. Vivemos no diagnóstico de mil doenças sem cura. Somatizamos a partir deste descontrole e medo inúmeras doenças reais que primeiro se formam na mente para depois assolar o nosso corpo. Eu não vou dar ousadia de descrever o perfil Borderline e a diferença para o Bipolar ou Depressivo. Não vou dizer aqui quando é TOC ou quando é Esquizofrenia. Pois se eu fizer isso vou sustentar que estes rótulos existem e contribuir para que quem lê este texto coloque isso cravado no seu interior e assumir não ter cura. Você deve estar falando: “Ah, o Jordan fala isso por que não sabe o que sinto, queria ver se fosse com ele”. (...)

Pois bem, vamos a um breve resumo do epílogo da minha história toda: Eu, Jordan, fui diagnosticado aos 19 anos por mais de 15 médicos “especialistas” na mente humana como portador de síndrome do pânico, borderline, transtorno de humor, etc etc... E tudo mais que puderam inventar. O engraçado é que cada vez que eu entrava no médico se eu mudasse uma palavra ou entonação da frase eles me diagnosticavam diferente. Comecei a brincar com esta tragédia e entender que infelizmente eles não sabiam o que diziam. Vivi um inferno que durou um ano, onde quase que diariamente eu parava no hospital e ninguém descobria ao certo o que eu tinha. Estava enfrentando crises irreais, paralisantes – tomei mais de 35 tipos de medicamentos diferentes entre antidepressivos, anticonvulsivantes, ansiolíticos, anti-tudo. E uma hora, quando eu não aguentava mais, e não recomendo que ninguém faça assim – eu joguei tudo fora e chamei a coisa para uma briga, pois havia algo de errado naquilo tudo. Perdi tudo e reconstruí melhor ainda. E foi exatamente isso tudo que me fez terapeuta – pelo processo de sentir na pele isso tudo, pela dor de ver almas aprisionadas por estes rótulos. Acabei escrevendo o livro “Entrevista com o Pânico*” que conta um pouco disso tudo.

Ok, agora que fui apresentado melhor... Sabe o que é isso tudo de verdade? Vou explicar com uma ilustração mental. Imagine que existe um quarto fechado que contém um tipo de fungo. Digamos que este fungo é um tipo de energia. Coloquemos então 100 pessoas de perfis bem diferentes dentro deste quarto e as deixemos em contato com este “fungo”. Voltemos uma semana depois e contabilizemos:
- 20 pessoas com alergia cutânea e vários pruridos.
- 20 pessoas com rinite agudizada e sintomas de asma
- 20 pessoas com transtornos alimentares, náuseas, etc...
- 20 pessoas com aumento de pressão arterial e desmaios
- 10 pessoas com os dois primeiros itens misturados
- 08 pessoas com os quatro primeiros itens misturados
- 02 pessoas em coma.

Ou seja – o mesmo fator “fungo” causando tipos diferentes de sintomas e rótulos, a depender de fatores pessoais de cada qual. Com as síndromes psíquicas acontece o mesmo. Toc, Bordeline, Pânico, Depressão, têm a mesma e igual raiz, mas a depender da estrutura de formação de personalidade de cada qual, desenvolve-se de forma diferente. Pessoas que vivem em maior saudosismo do passado, presas no tempo ou que têm pais assim tendem ao rótulo da depressão, TOC... Pessoas que ficam presas no futuro, que se projetam ou têm pais assim tendem ao rótulo do pânico, fobia, ansiedade generalizada, bulimia. O mínimo percentual realmente tem algo no seu sistema nervoso que justifique uma esquizofrenia ou bipolaridade reais, o resto é mera ilusão do que não se sabe.

E qual o “fungo” que causa todos estes transtornos, quem é o chefão deste jogo???
A resposta é simples e talvez por isso tão pouco entendida, pois queremos uma resposta complexa, que conquistemos depois de escalar o Himalaia de quatro e encontrar um grande mestre virgem vestido de lilás que só come capim santo a nos revelar. Deixamos o óbvio do 1 + 1. O chefão disso tudo, o “fungo” dos distúrbios psíquicos são os conflitos não assimilados. As experiências não resolvidas que estão lá gritando para sair de você. E você a ignorar. Pode ter acontecido na sua infância, na sua adolescência, ou até seja algo de seus pais, ou de dentro da barriga da sua mãe que você está carregando - a batata quente que lhe arde sem você saber.

E o que dispara isso tudo?
A resposta é: excesso de estímulo nos cinco sentidos. Seja pelos efeitos da globalização, internet, pílulas emagrecedoras, termogênicos, stress crônico e hipervigilância. Imagine seu computador com várias janelas abertas. Word aberto, Excel, editor de fotos, internet com umas cinco abas ao mesmo tempo... A área de trabalho cheia de atalhos, fotos, coisas... E quando você vai digitar um texto simples no word, as letrinhas vão chegando pouco a pouco (depressão), ou vão saindo diferentes do que você digita (alucinação, pânico), ou quem sabe saem meio deformadas e hora vão certas, hora travam (borderline)... Mas não há nenhum problema com o word. Aí você o fecha. Fecha também todos os programas abertos. Fecha as páginas da net. Limpa a área de trabalho, reinicia o PC e tudo volta ao normal com o Word. Ele precisou de rivotril e fluoxetina? Não. Só foi preciso que você prestasse atenção nos conflitos simultâneos e não resolvidos existentes ali.

Por isso insisto em dizer que tudo isto que se chama de “distúrbios e doenças psíquicas” são praticamente a mesma coisa. Frutos de uma coisa só, tomando proporções de acordo com as crenças e estruturas de cada um. Não é mais fácil matar o chefão do que ir enfrentando seus monstrinhos que não param de se multiplicar? E está virando moda encontrar um rótulo destes para justificar a nossa apatia em reformar nossa vida, deixar o passado quieto e sem culpas, e viver o presente, para sem grandes expectativas fazermos nosso futuro aqui e agora. É cômodo ter uma doença destas, e muitas vezes ficar curado necessita revolução, ousadia. E muitas vezes não queremos isso, pode crer. Mas desculpem, repito: este é um texto de desabafo, com mínimas pretensões.

Jordan Campos é terapeuta transpessoal sistêmico clínico.
www.jordancampos.com.br

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Workshop de Hipnose com Fabio Puentes.

FÁBIO PUENTES - Anúncio - Mais uma vez Jordan Campos traz a Salvador o maior Hipnólogo da América Latina para um curso aberto a todos que queiram aprender os segredos e utilidade da HIPNOSE em suas vidas, seja no setor profissional ou pessoal. Workshop de Hipnose com Fabio Puentes.



Programa:
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Público Alvo:
- Aberto, mas também:
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Data: 14 e 15 de Dezembro
Local: Instituto Quatro Estações - Salvador
Carga Horária: 16hs aula
Pré-Inscrição: Envie seu nome para o email contato@jordancampos.com.br solicitando mais informações e reserva para o curso.
71. 9935.1595 - Cerificado Internacional - Imperdível.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Hipervigilância - Uma outra visão da tragédia dos irmãos mortos em Ondina - Jordan Campos

Uma outra visão da tragédia dos irmãos mortos. (Jordan Campos)



Você já ouviu falar em hipervigilância? Sabe o que significa? Vamos lá para entender isso e onde eu quero chegar. Hipervigilância é um estado físico com alto impacto emocional e sensorial causado por excesso de adrenalina circulante no organismo que não é anulada. Esta adrenalina em excesso é provocada principalmente por estresse e medo constantes. Quando ficamos adrenérgicos (hipervigilantes), nossos cinco sentidos e percepção psicológica têm o volume aumentado. Vou exemplificar. Suponha que você está andando na rua indo comprar pão e de repente um Pit Bull aparece na sua frente. Neste momento seu sistema nervoso autônomo libera uma alta carga de adrenalina no seu organismo para que você realize apenas duas coisas a escolher: enfrentar ou fugir do cão. Seus membros ganham fluxo de sangue rápido que sai das vísceras (daí o popular frio na barriga) e sua crença (o que você acredita que pode acontecer, ou por ter ouvido falar ou por ter visto) escolhe. Suponhamos que você escolhe fugir. Sai correndo e o cão atrás de você. Você corre como nunca antes correu e tem um muro na sua frente, de uma casa, e você que está acima do peso e não faz ginástica olímpica pula sem pestanejar e está a salvo do pit Bull que enfia o focinho no muro. Quando você cai do outro lado do muro seu corpo está com pressão elevada, altos batimentos cardíacos, temperatura alterada, pupilas um pouco dilatadas, respiração em hiperventilação. Até que alguém chega, vê a situação e lhe ampara. Te acalma e diz: “já passou, já passou, você está a salvo”. Te dá água, lhe manda respirar e sua crença atualiza para: “escapei”. Então para que você não tenha um ataque cardíaco em poucos instantes o corpo libera outras substâncias rapidamente para anular a adrenalina circulante, principalmente acetilcolina, e tudo volta ao normal. Ou seja, você entrou e saiu rápido do estado de vigilância. Mas o caso aqui é a hipervigilância, que ocorre quando as substâncias que deveriam atuar anulando a adrenalina não são disparadas porque NÃO há crença de que o PERIGO PASSOU.

Vamos a outro exemplo para a coisa ficar bem didática: você aluga um filme de terror para assistir. Escolhe a noite para a sessão. O filme é forte e seu corpo entende que aquilo te assusta, que você corre certo perigo (quem pensa isso é o sistema autônomo), e libera adrenalina para que você enfrente ou fuja do que está acontecendo. Mas você nem desliga a TV ou entra no filme e mata o monstro (enfrentar), nem deixa o filme rolando na sala e vai fazer outra coisa (fugir). Então a adrenalina fica ali e você fica hipervigilante. E seus sentidos aumentam o volume. O filme acaba e você vai deitar. O que acontece? Você deita em hipervigilância e com a audição aumentada escuta barulhos estranhos (que todos os dias estão ali, mas você não escuta) e se assusta mais ainda. Aquele ventinho que todo dia passa pela sua perna e você nem sente, nesta noite, pelo seu tato estar aumentado parece uma mão passando em você... Pronto – terror noturno e uma noite em claro, até que um rivotril, maracujina, etc possam fazer o papel do enfrentar ou fugir que você não fez. No outro dia você fica sem energia, mas a rotina acaba lhe trazendo para o presente e tudo acaba normalizando.

Agora o fator social que vivemos. Ligamos a TV e vemos crimes, mortes, terrorismo, filhos matando pais, casas sendo invadidas, crianças e adultos sendo violentados, casas de show pegando fogo e matando a todos, motociclistas roubando carros, crimes bestiais... Todo mundo fala “cuidado, a cidade está perigosa”. “Feche o vidro, tranque a porta, não estamos seguros – a qualquer momento algo pode lhe acontecer” ... E liberamos adrenalina para enfrentar ou fugir disso, mas não conseguimos fazer nem uma coisa nem outra e viramos expectadores passivos da “nossa hora chegar”, e a adrenalina não vai embora e nos transformamos em hipervigilantes. Estouramos por qualquer coisa, vivemos nos assustando, estressados, nosso sono fica leve, ficamos um pouco melancólicos pela impotência em resolver este conflito. Ficamos fóbicos e em pânico por não termos mais o controle. Mais medo, medo, medo... Com os sentidos aumentados e hiperbolizados, nos transformamos em bombas prontas a explodir. Misture isso ao estresse do dia a dia, e isso vira quase atômico.

Orla de Salvador, Ondina. Testemunhas contam que uma moto com duas pessoas em cima é vista batendo no vidro de uma Esportage e uma discussão rápida a acontecer. Ninguém sabe o que de fato aconteceu neste momento, nem o que foi dito. As imagens seguintes mostram a moto em alta velocidade sendo seguida do carro, também em alta velocidade numa via de baixa velocidade. Logo em seguida o carro bate na moto que voa para o acostamento, e em seguida perde o controle e bate também. Infelizmente morrem os irmãos Emanuele e Emanuel. A médica Kátia Pereira viva, é removida ao hospital. Um clamor popular se acende. Tentar explicar e ponderar neste momento é complicadíssimo e mesmo com as imagens, talvez seja ainda prematuro tentar entender o todo. O que se sabe é que existe um crime tipificado pelas Leis do Brasil. Se o crime é doloso (intenção de matar) ou culposo (sem intenção de matar) só a justiça vai decidir. No clamor, todos vão obviamente defender as vidas que foram ceifadas e que jamais voltarão a estar com suas famílias e vão entender que foi intencional. Triste caso, horrível fim. Quem eram os hipervigilantes ali que hiperbolizaram o simples pelos seus medos e instintos adrenérgicos?
- Quem dirigia a moto e foi tirar satisfação era o hipervigilante?
- A médica que notadamente perseguiu a moto de acordo com as imagens era a hipervigilante?
- Os dois?
Por que a moto corria tanto e por que a médica ia atrás? Ela, que tem ficha limpa, era conhecida por ser calma e uma pessoa normal de repente surtou e inventou de perseguir e matar duas pessoas em cima de uma moto? Eles, os irmãos mortos, gente do bem e de família sem passagem alguma também, fizeram alguma ameaça para serem perseguidos e aparentemente pisarem fundo na moto?

No meu olhar terapêutico a única explicação foi o pico de adrenalina do momento que provocou um entorpecimento dos sentidos de ambos e uma reação desmedida por conta de crenças internas, medo, raiva e etc da médica. A hipervigilância foi a base da tragédia - a médica infelizmente, talvez tenha perdido o controle, mas acredito que friamente ela não teve condições de raciocinar que iria matar, não posso acreditar que ela quis matar racionalmente, embora seja isso que nossa justiça interna quer entender. Queremos reparo, queremos justiça para nós também - por estarmos nessa droga de hipervigilância em conjunto. A possível discussão no trânsito e o bater no vidro do carro foram a infeliz faísca que acionou instintos irracionais e automáticos de defesa, das duas partes, com base nas crenças sociais e individuais de cada qual ali presentes, e resultou em uma tragédia. Eu tenho uma filha, e nem sei o que faria se algo acontecesse assim. É agramatical e assustador pensar nisso. Alguém vai ter que pagar por isso, e será a médica, querendo ou não ela é a pessoa viva resultante deste evento. O que passou na cabeça dela e dos irmãos, e o que realmente aconteceu na mente de cada qual nunca vamos saber. Eu acredito que o ocorrido foi uma fatalidade culposa vitimada pela hipervigilância. Acredito... A não ser que tenhamos provas de que a médica tinha comportamento suspeito, surrava os filhos e a mãe, e tinha traços de psicopatia para entender que ela quis ali naquele momento adrenérgico realmente matar. Se for assim que ela mofe na cadeia, mas e se não for? Se o instinto da hipervigilância for uma das explicações para o fato? Difícil.

Saldo da hipervigilância: Temos dois mortos. Uma médica ré primária. Um dos melhores advogados criminalistas do País contratado pela família da médica. Provas objetivas e situações subjetivas ainda a tentar encaixar. Temos o poder legislativo que mostra o que deve ser feito. Provavelmente a médica não será presa, responderá em liberdade, será perseguida, ultrajada, terá que mudar de cidade e tomar remédios para depressão por muito tempo e procurar um terapeuta que a faça compreender o que aconteceu. Teremos uma família e amigos com uma dor imensa que nada irá curar, apena o tempo a talvez amenizar. Por fim, nos resta uma reflexão profunda do momento de crise que vivemos, de caos na emoção, de hipervigilância... Que pode nos FAZER que provoquemos, sem querer ou premeditar reagir, tentado enfrentar ou fugir de algo, UMA TRAGÉDIA contra nós e todos. E vamos pagar por isso. Não estou aqui defendendo ninguém, nem acusando. Não sou legislador ou advogado. Minha intenção aqui no máximo é fazer refletir com um olhar terapêutico. Crimes devem ser punidos e dores consoladas.

Jordan Campos é terapeuta clínico e especialista em trauma e transtornos ansiosos.