sexta-feira, 30 de março de 2012

Diálogos sobre a FELICIDADE

(por Jordan Campos)

Drummond me acorda rápido e sussurra: 
- Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade!
Levanto rápido, quinze minutos antes do despertador... Dou um sorriso pretensioso. Walnut,Crab Apple,Holly, Gentian… 4 vezes e sublingual. Delícia!!! (...) “Quantas vezes a gente, em busca da ventura, procede tal e qual o avozinho infeliz: em vão, por toda parte, os óculos procura tendo-os na ponta do nariz” – Lembrei do Quintana. É que hoje tenho todos os poetas em mim. Hoje sou o poeta do mundo. Sem poema, só poesia...
Sem rima ou métrica, só no sentido!
Sim... Ou tristeza profunda ou alegria extrema, nunca médio...
Quase assim, bipolar.
Eu gosto de aproveitar o limite do veneno e sacar na minha alma a imunidade do antídoto.
Hoje meu riso vai incomodar os patetas de plantão que adoram a mediocridade.
E vou rir mais alto ainda, um riso de gôzo, em quase autofagia.
Shakespeare me vem no banho e diz: - As ideias das pessoas são pedaços da sua felicidade.
- Sim Shake... E apenas nestes momentos recomendaria confundir displicentemente a parte com o todo, concorda?
- Jordan, a felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz.
- Shake, meu filho: Isso é Freud! Você agora deu para psicanálise foi? Se saia rapaz!
A recordação da felicidade já não é felicidade; a recordação da dor ainda é dor... Por isso, vamos abrir as janelas, limpar os entulhos do quarto, tirar de perto de nós os objetos, livros, discos e fotos que não nos pertencem e passar um anti-vírus potente em nossa alma.
Não deixar os zumbis mal amados e vívidos na melancolia do passado tomarem nosso corpo e fluido vital! Abaixo o vampirismo mascarado de sorriso falso.

Na verdade, definir ou receitar a felicidade é sempre um desafio para mim, terapeuta. Pois não há uma estrada real para a felicidade, mas sim caminhos diferentes. Há quem seja feliz sem coisa nenhuma, enquanto outros são infelizes possuindo tudo.
É muito relativo e íntimo. É uma estação do ano... Em nós.
Acredito apenas que o amor é a primeira condição da felicidade do homem.
E isso tem a ver com admiração profunda. Autoadmiração.
Então, você pode receber isso de alguém ou encontrar o seu próprio.
O que posso com certeza dizer é que se você está triste de verdade agora, não vai adiantar nada que te disserem.
Apenas é esperar passar, não tomar nada... A não ser meus floraizinhos... Bach é uma ótima companhia nestas horas, não para curar, mas para acender o que temos com um sutil tapa na cara!
Finalizo então lembrando mais uma vez de Drummond, já que Shake tá um porre hoje.
Ele dizia que existem duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons.
Então eu me embalo de “sonho de valsa”, meio –amargo, e danço um lindo tango com a luz e a sombra... E assim , feliz, sou a caixa de bombom da hora!
Sejamos. Nhac... nhac...

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