terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

SÓ TEM VIADO NO CARNAVAL?

Um dos assuntos com certeza mais comentados é o fato de que a cada ano o Carnaval reúne massivamente um público gay numeroso, fiel e no aumentativo. Mulheres reclamando que não tem homem e que “ou é casado ou é viado”. Homens reclamando que tá tudo uma baixaria e não suportam conviver com as cenas. Músicas como: “ai como é lindo como é lindo ser viado, vamos para sempre ser viado é babado” disputam para ser a mais cantada. Mas o que acontece nos bastidores de tudo isso? Será evolução, involução, falta disso ou daquilo?

Talvez fosse bom começar lá de trás e espiar a infância dos meninos, onde os xingamentos, punições e motivos de risada são justamente os temas homossexuais: “Vou comer seu c#”, “Senta na minha p!c@“, “Venha chupar meu p@u” - direcionados de meninos para meninos, são as “ofensas” campeãs. Parece existir um prazer escondido por detrás de tanta fala que gera na imaginação uma relação homossexual. Isso não é nem de longe à toa. Homens experimentam fetiches desde cedo do sexo genital entre eles - fato!

Ah Jordan, mas e esse número imenso de viados, agora? Culpa da Globo? Rsrs. Não - eles sempre estiveram ali no mesmo número, mas antes numa barreira de hipocrisia e falsa moral que os inibia. Ficavam com suas parceiras mulheres em suas relações perversas e misóginas produzindo traumas para todos os lados. Simplesmente os muros viraram vento e eles podem agora dar um chute no armário. Isso aconteceu como fenômeno social na luta das mulheres por seus direitos, na luta proletária, nas facilidades do divórcio - cada evolução em nossa liberdade e igualdade produz um “inchaço” e certo exagero dos tipos reprimidos e depois ameniza. Isso é história, e não - viadagem!

Mas porquê choca tanto homem com homem e quase nada entre mulheres? Simples - todo o conteúdo erótico da “educação do macho” estava centrado em filmes pornôs onde as mulheres eram tratadas como submissas, nem preliminares tinham direito e a finalização era na boca, do esperma misógino. Quando a cena começa com duas mulheres num sexo lésbico isso não era condenado, e sim, aproveitado - fetiche, tranquilo, normal - “temos que dar conta”. Na formação da geração dos acima de 30 e poucos anos isso choca muito mais por falta de imagens e liberdade para se falar disso. É supresa! É a ameaça da infância de “vou comer seu c#” bem do seu lado! E isso gera repulsa.

Ah Jordan mas eles podem ter a sexualidade deles, mas estão desrespeitosos demais. Oxente - e quantos homens pegando mulheres à pulso? Quantas cenas de sexo oral heterossexual na rua são filmadas? Quantas mãos bobas desrespeitosas, quanta sacanagem explícita, nós heteros fazemos ainda? Falta limite e educação de todos os lados - de um lado os heterossexuais acostumados aos seus comportamentos; do outro os gays tendo comportamentos semelhantes, mas “chocantes”. Promiscuidade tem de todo o lado.

Ser viado é normal. Transpor regras, bom senso e limites não. Ser heterossexual é normal, transpor regras, bom senso e limites não. Viado não bate na mulher, não faz filho na rua, não destrói a família com traições, abusos e maltrata seus filhos no Carnaval. Viado não chega em casa bêbado depois de aprontar a noite toda e estupra sua própria mulher.

Ninguém está virando viado por culpa da mídia, da Globo ou dos movimentos. Estão apenas se aproveitando das brechas para mostrar as suas essências. O público gay vai crescer ainda mais e isso não tem volta! E que fique claro - o Carnaval hoje é uma festa 80% sexual. Temos o Carnaval artístico (desfiles, plumas etc); o Carnaval da diversão (fantasias, danças) e o Carnaval da pegação sexual - basta olhar para o mundo animal e para o carnaval - dança do acasalamento de de chamar atenção para ser escolhido sexualmente, em grande parte das vezes. O que o pavão usa de recurso para atrair a fêmea, usamos costumizando os abadás convidativos para ver o decote, silicone, tríceps, “popa da bunda” e abdome. O que a cigarra usa de canto, nossas musiquinhas de lepo lepo, senta senta, mexe mexe, atrai! Mas só pode atrair heterossexuais? Hahaha. Isso é expressão sexual pura minha gente e se chama Carnaval. E a nossa liberdade sexual, duramente conquistada atrai a todas as tribos. Simples.

Vamos por fim entender que existe sim um exagero de quem ficou muito tempo trancado nos armários sim, mas isso vai normalizar - faz parte da história humana essa euforia toda que “choca”. E sim, teremos uma sociedade com relações homoafetivas de forma muito mais visível - e teremos que conversar sobre isso com os adultos, pois você vai se surpreender quando descobrir que seu filho ou filha de 12 a 16 anos leva isso de forma muito mais tranquila e segura do que você.

Tentei, sem defender lados, fazer uma leitura histórica, comportamental, lógica e terapêutica.

Por Jordan Campos
www.jordancampos.com.br

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