domingo, 3 de janeiro de 2010

O Terapeuta no Divã

Por Jordan Campos


Reencontrando todo este ser que escreve aqui bem agora no início de um novo tempo, na aproximação clara da grande meta de mais uma vida, onde há clareza, onde a doce escuridão que me protegia todas as noites e agora me faz responsável, caiu. Fragmentos de um ano em retrospectiva, que insiste em não poder ou querer se falar e entender só em 365 dias, mas em toda a complexa existência que me trouxe até aqui, ao topo desta montanha onde antes gritos secos do ar rarefeito distorciam o meu verbo. Claro, tudo está tão claro... Coloco-me no divã.


Um ano de descobertas espetaculares, de investimento profundo no humano, de inclusão no Ser Humano maior. Do perigo e do louvor missionário de se tornar profeta de seu próprio destino, um destino em que a humanidade toda se encontra, logo não posso guardá-lo aqui egoisticamente, e terei que correr os bons riscos. Estendi todas as mãos. Abri e ganhei toda a clarividência temida e desejada. Entender no gerúndio todas as dores agudas que me fizeram envelhecer de alma, mas eclodir no belo óleo quente e rejuvenescido. Poucos sabem o que realmente já passei e passo para chegar até aqui, e com os meus olhos cheios de esperança que assustam os que não os têm de ver, deixo que me julguem e achem coisas que me fazem dar boas risadas na volta prá casa depois de um longo dia de trabalho. Confessar que não paro, admito. Que vivo literalmente entre dois mundos, que por mim já passaram imensos fenômenos de estudo da parapsicologia, ufologia, espiritismo... Tudo que contando não acreditariam. E dos outros objetos mais loucos que puder se imaginar. Só assim conveci-me que a loucura nunca é, mas sempre pode estar, e se retirar, metaformizar, em sutis nuances, das mais belas obras que se possa pintar. Passar no corrimão da insanidade é o remédio para ficar lúcido. Não se ilumina sem se descer ao pior dos infernos. Sempre foi assim.

Já estive cara a cara com a morte várias vezes, com diagnósticos terríveis, perseguições fantasmagóricas, acidentes trágicos e sobrevivi a todos e a tudo. E viverei assim, até que este meu Deus permita assim ser. Pois devo a Ele, e com certeza absoluta de sua presença, fiz em mim a fé das montanhas que se movem e que curam instantaneamente como Jesus dizia. Lembro do grande dia em que sozinho tinha que atender ao pedido de uma mãe aflita por sua filha em clássico estado dos piores filmes de horror, com todos os efeitos Spielbergs presentes, e aquele Ser que queria talvez me assustar ao me olhar disse: “ - o que você pensa que vai conseguir fazer? Acha que vou me assustar só porque vem com este grupinho?” (Grupinho?!) Uau, não estava só e nunca estive. (que dia lindo aquele). O medo não me pertence. E as agressões paravam a um centímetro de minha face, mas dali não passam e jamais passarão. Deus, Deus está por aqui. E só isso é tudo.

Nem sei de onde sou hoje, quem é meu pai ou quem foi minha mãe. Sou patrimônio da humanidade e convencionalismos ou rótulos eclesiásticos não me dizem nada. Entrega. Esta é a palavra de ordem que pela precariedade gramatical não se faz literalmente apta para traduzir o que quero dizer. Peço perdão ao diabo se o confundi e o fiz perder apostas, mas ele mesmo no fundo sabe que será uma hora resgatado. O fim da linha foi sempre um começo. E eu amo todo este caminho e todos que passaram por ele.

Nas minhas canções, nas boas horas da velha banda muros de vento, saudades de todos. Nos amores impossíveis que fiz tangíveis. Nas pessoas que fiz chorar, eu não quis magoá-las, juro. Dos médicos que decepcionei por estar vivo agora. Dos invejosos que mal sabem que isso não é crédito e ficam ridículos com seus ‘tapinhas’ nas minhas costas - não suportariam ter o que ‘invejam’. No desabafo que me sai aqui tão cheio de metáforas e símbolos subliminares. Dos que protejo em nome aqui por ter aprendido como se faz. Grato sou e repito: longe sou de ser um crédito. Sou um tipo de carnê de pagamento à vista.

E o meu mundo nunca mais será como antes...

3 comentários:

  1. Maravilha de texto! Sou sua fã, não tem jeito! Kkkkkkkkkkkkkkkk

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  2. Realmente o atendimento desse terapeuta faz a diferença.Muita PAZ!

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  3. O texto é uma pequena síntese de uma forma de tratamento totalmente diferente do convencional.Quem espera uma sessão na qual o monólogo é a tônica pode esquecer.Os males do físico e da alma são tratados e tudo adquire um novo contexto.Muita PAZ!bjs

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