quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Fui traído (a)... E agora?

Por Jordan Campos com citações da psicoterapeuta Maura de Albanesi

Mais do que comum, este é um dos assuntos dos mais recorrentes e explorados no meio terapêutico atual. Não poderia deixar de colocar aqui no blog. Desde uma aventura ou desabafo instintivo até uma completa traição amorosa, vítimas e réus se estabelecem. Culpados emergem - raiva, choro, desilusão e uma procura por um ponto de luz. Afinal, existe fidelidade ou se está fiel? Qual a diferença da traição masculina para a feminina? Até onde é uma traição? Beijo, sexo, orkut...? Garotas e garotos de programa são uma traição, quando acionados? ( ??? )

Entre inúmeras polêmicas no assunto, vou tentar focar que quando isto acontece o casal deve assumir o problema sem colocar a culpa em terceiros. Ouvir detalhes sobre a traição só piora o processo de reconciliação e o torna quase impossível, um caminho sem volta na maioria das vezes. A dita “traição” é uma forma que a pessoa encontra para mostrar a sua indignação com o parceiro, com a relação ou com uma situação. São vários motivos que podem levar à traição: carência, questão cultural, repetição de situações dos pais, insatisfação em relação a desejos e expectativas do outro, vingança, busca pelo novo, entre muitos outros ... E na grande maioria das vezes não significa falta de Amor, e sim um grito de que algo está ocorrendo e precisa de reparo e atenção... A manutenção do fato como rotina, sim, reflete-se em problema moral e talvez no desamor.

Segundo a psicoterapeuta Maura de Albanesi, a traição, no entanto, é um problema do casal e não da terceira pessoa que surgiu no meio do relacionamento. “Quando entra uma terceira pessoa é porque o casal deu brechas e motivos, portanto, os dois são responsáveis. O casal tem que encarar a traição como um problema dos dois e não colocar a culpa em terceiros como, por exemplo, na sogra, nos vizinhos, nos parentes, entre outros”, diz Maura. "Geralmente, a pessoa traída se coloca como vítima, mas, na verdade, é a maneira que ela encontra para tentar fugir de qualquer responsabilidade por aquele momento ruim do casal. Ela também não quer pensar e muito menos aceitar os motivos que levaram o parceiro à traição.
A grande maioria das vítimas da traição acha que após o perdão vai ter o controle total sobre o parceiro, pois ela se sente poderosa e espera que o outro faça tudo que ela quer. É muito engraçado. A pessoa que perdoa a traição, na realidade, nunca esquece a história. Na primeira briga, ela joga na cara do outro e remove coisas do passado. Esse tipo de perdão não serve. A pessoa traída acha que precisa ser reconquistada pelo outro para poder dar, de fato, o verdadeiro perdão, mas os dois têm que se reconquistar, sem brigas e exigências."

O verdadeiro perdão não chega depois de muita conversa, isso é uma mera ilusão de derrubar tijolinhos - Muitas pessoas gostam de ouvir detalhes de como foi traída e com quem foi. É uma grande besteira. A pessoa traída acha que isso vai aliviar a dor e ter armas para atacar o outro, mas só aumenta a revolta, porque ela começa a lembrar daquela viagem que o companheiro fez “sozinho” no fim de semana, daquela noite que ele disse que dormiu na casa da mãe, daqueles dias de longas horas extras no trabalho, enfim, a pessoa traída fica mais apreensiva e cheia de dúvidas se perguntando: Ela é melhor do que eu no que? Isso só piora o processo de reconciliação. A melhor maneira de retomar um relacionamento que passou por uma traição é ambos mostrarem maturidade e aceitar o problema como sendo somente dos dois.

“Aquele que traiu tem que se arrepender. A pessoa que foi traída também tem que abrir o coração e aceitar o fato. Se houve traição é porque alguma coisa não está legal, portanto, eles precisam descobrir juntos o que está faltando, sem por a culpa em terceiros. Para se obter a verdadeira reconciliação, acima de tudo, é preciso que haja amor. Caso não tenha mais amor, a separação é o melhor caminho. Cada um deve seguir a sua vida e buscar a felicidade”.

O bem da verdade é que todo mundo uma hora é traído: sua mãe foi, sua tia querida foi, sua melhor amiga foi, seu pai por alguém também foi, você é ou será e até quem lhe traiu corre o risco de ser. Que atire a primeira pedra quem nunca passou por isso! O quê, você nunca traiu? Prepare-se, seu teto não será eternamente de vidro. Desabafe, chore... mas não repita inúmeras vezes o ocorrido e nem interpele todas as criaturas que aparecem na sua frente como se você precisasse despejar o fato como modo de aliviar a dor. As pessoas geralmente são assim, elas acabam contando e refletindo inúmeras vezes sobre o mesmo fato, o problema é que muitas perdem o limite e perdem a noção que isso deve ser apenas por dias, apenas dias - meses e anos não... nunca!!!

A moral maior de quem com maturidade encara o fato é que, às vezes, quando se perde, ganha: ganha um amor renovado, sincero, pois amar de verdade é conhecer todos os ‘defeitos’ do parceiro e mesmo assim insistir em amar a criatura. Mas só não traia a você mesmo com lições de moral hipócritas e clichês. E mesmo nos momentos piores da vida, precisamos ter em mente que todas as situações ruins trazem com esse sofrimento, o crescimento. E digam-me: O que é a vida sem experiências? E só quem morre de chifre é o toureiro destreinado.

3 comentários:

  1. Excelente texto no que diz respeito a uma única traição em uma relação! Achei de muito bem gosto e bom senso observar que a repetição desse tipo de situação denota problema moral e/ou desamor!
    Parabéns pela escolha do tema e pela forma respeitosa porém leve e até bem humorada adotada ao abordá-lo!

    ResponderExcluir
  2. “E só quem morre de chifre é o toureiro destreinado.” Perfeita essa colocação.
    Entretanto, concordo ainda mais com esse outro trecho: “São vários motivos que podem levar à traição: carência, questão cultural, repetição de situações dos pais, insatisfação em relação a desejos e expectativas do outro, vingança, busca pelo novo, entre muitos outros ...”
    Penso que o importante talvez seja estar em alerta, não em relação à possibilidade de que ocorra uma traição, mas, sim, em relação aos motivos que poderão gerá-la. Porém, como viver assim, “sempre alerta”, como escoteiros? Não sei... Só sei que, a depender do motivo, talvez o chifre incomode menos... Em alguns casos, chifre é até bom.
    Adorei o texto!

    Bjssss

    ResponderExcluir
  3. Sensacional,o ditado popular e as razoes.

    ResponderExcluir