domingo, 26 de setembro de 2010

Só mais três minutos.

Por Jordan Campos

Andar de ônibus sempre me fez ter as melhores ideias
Grandes feitos meus ocorreram ali.
Aqui então, agora, dentro de mais um rodando a cidade apenas para inspirar-me.
Escuto algumas risadas jocosas, mas não vejo as faces destes risos.
Risos que ninguém escuta e me ensurdece.
E se eu não descer no próximo ponto?
Se a minha vida, por mais motivos que continuar vivo, em minha frágil condição, acabasse ali?
E se neste momento de morte eu tivesse apenas três minutos
Para falar algo definitivo sobre tudo que aprendi?
Isso agora me veio forte.
Os risos invisíveis cessaram.
Uma luz azul chegou.

Em três minutos eu diria então, com as mesmas lágrimas que me brotam agora:
Diria que somos certos e errados a cada segundo, presos nesta polaridade racional.
Diria que somos fantoches de memórias celulares, familiares e programações passadas.
O diabo é o Deus que não entendemos.
Diria que um dia vamos ferir e decepcionar, e haverá outro dia também.
Possivelmente nos apaixonemos mais de uma vez e amemos pelo menos uma.
E isso tudo uma hora vai acabar.
A única certeza que temos quando começamos qualquer coisa é que esta coisa uma hora vai terminar, mas não ainda enquanto vivos.
Sendo assim, não podemos nos aprisionar e nos apegar no que chamam de pecado às coisas aparentes que decepcionam o nosso espelho, amigos ou quem se ama.
Esta vida é tão curta, mas tão curta... E tão sensível para qualquer medida definitiva.
A frase “nunca mais” ou: “é a última vez” vai lhe trair e lhe ensinar muito ainda.
Diria que achamos ter livre-arbítrio e essa é uma grande piada.
Temos na verdade uma corda do “seja feita a vossa vontade” em nós...
Oramos e esquecemo-nos disso.
Esta corda é providência divina.

Já desfalecendo, pediria que deletassem a frase acima, aquela: “nunca mais”.
No fundo, tudo é sempre daqui a pouco.
Pediria perdão a quem feri ou a quem não tive coragem ou tempo de perdoar.
Ninguém neste mundo erra sozinho...
Uma rede complexa e emaranhada comanda quase tudo.
É segurar nãos mãos!!! Olhar forte, ver o choro sincero do dissimulado ego
Ele é a mais pura forma de Deus por aqui.

Fecharia então meus olhos.
Ninguém ia ver meu espírito sair e este diria um “se...” ao ver o corpo no chão.
Quantos “se” usaríamos na hora fatal ???
“Se eu tivesse”, “se eu falasse”, “seu eu fosse”, “se eu perdoasse...”
Prenderia-me assim à culpa de ser agora tarde de mais.
Para nascer de novo e encontrar de novo o que desisti.
O preço quase paga por esta omissão às vezes é alto de mais.
Só o Amor persistente desmanchará as ciladas do ego.
As vítimas são culpadas apenas por não terem se dado o direito de tentar mais uma vez.
Nesta curta vida.
É a hora do mergulho agora.
Acredite: você não tem nada a perder se pudesse se ver de cima.

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