sexta-feira, 17 de junho de 2011

VIAGEM

por Jordan Campos
 
Você perdoaria um cego pelos esbarrões e tropeços que deu?
Você perdoaria um mudo por não ter gritado e evitado o acidente?
Você perdoaria uma sequência de erros afetivos a quem não teve o afeto básico?
Você perdoaria a displicência do cuidado a quem nunca foi realmente cuidado?
Você perdoaria a pessoa, pelas coisas feias que fez no surto da febre?
Você perdoaria quando o cego, o mudo, o errado, o displicente e o febril...
Se dando conta disso, resolvesse tratar o “defeito”?
Ainda mais, não é? Na verdade você o amaria pelo esforço todo.
E se este esforço todo fosse por você?
Então você casaria logo com a “maior prova de amor do mundo”, não é?
Que é assumir e gerar todos os recursos e lágrimas para afastar a “praga” de outrora?
Mas por que nem todos pensam como você que lê agora isso?
Por que “primeiro eu”, depois os outros... Se só pelos “outros” somos o “eu”?

Eu fui embora, embarquei numa viagem forçada.
E parece que desta vez a porta bateu.
Bateu tão forte que a chave por dentro, caiu. (E agora?)
Quando domados por forças de reparação Maior, além de nossas forças...
E fazemos certo mal (que é um bem fora do lugar), para que venha à superfície a necessidade do bem...
Quando deixamos frutos que precisam deste bem
E quando tudo isso é uma trama invisível e maior guiada e permitida por Deus.
E então realmente não era bem você que esteve ali...
Onde cabe a sua culpa total?
Onde cabe o amparo para o além de uma parte mofada que esteve em ti?
 
Sim, a chave...
Caiu como meu choro insistente
Que a chuva de ontem dissimulou
Quando o guarda-chuva quebrou.
Fui insistente, nas palavras convincentes...
Que esbarram na parede de chumbo.
Os processos geram vítimas
Que repetem atos de processos que não lhes pertencem.
Eu acordo de repente, e calo minha emoção às pressas
O mapa de plutão molhou?
Todos os dias nos despedimos de algo sem saber...
Mas “despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo”.

...

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